Como empresas boas, medianas e até ruins podem atingir uma qualidade duradoura? A resposta para esta pergunta está no livro Empresas feitas para vencer.
O autor Jim Collins é considerado um dos maiores especialistas do mundo em gestão de empresas, liderança e sustentabilidade empresarial. Ele e sua equipe de pesquisadores identificaram um seleto conjunto de empresas que deram um salto rumo a resultados excelentes e sustentáveis durante pelo menos quinze anos.
A equipe de pesquisa trabalhou por meia década estudando as empresas e comparou as que fizeram essa transição com um restrito conjunto de empresas que não realizaram o mesmo feito. Qual era a diferença? Por que algumas se tornaram excelentes e outras não?
O que havia de comum entre as empresas que venceram? Vou lhe mostrar os principais motivos apresentados no livro. Vamos lá?
Tenha líderes humildes e que trabalham duro
Collins e seu time esperavam descobrir que os executivos mais carismáticos e famosos seriam aqueles que levariam suas empresas à excelência, mas na verdade, os líderes mais eficazes eram modestos, quietos, reservados e até tímidos. Através de artigos e entrevistas pessoais com os envolvidos, eles descobriram que os melhores líderes eram humildes e trabalhavam duro.
Contrate as pessoas certas e demita as ineficientes
Para que uma empresa possa se tornar excelente e vencer, ela primeiro deve se preocupar em encontrar as pessoas certas, colocá-las no lugar certo e tirar as pessoas erradas da empresa. Muitas empresas que fracassaram em crescer, tinham pessoas ineficientes em posições chave.
Segundo Collins, as empresas feitas para vencer primeiro colocaram as pessoas certas no barco, tiraram as erradas e depois encontraram o caminho da excelência a ser seguido. Não é possível crescer um negócio com líderes excelentes e colaboradores apenas bons ou ruins, pois o dia em que o líder não estiver presente, a empresa para de funcionar.
As pessoas não são seu maior ativo. As pessoas certas é que são.
Confronte a verdade sobre a sua empresa
Collins percebeu que as empresas feitas para vencer, não ignoravam os fatos, os problemas e dificuldades, nem criavam ilusões de uma empresa excelente. Pelo contrário, elas buscavam encontrar a verdade e achar formas de melhorar, ao invés de ignorar os pontos fracos e simplesmente ver e divulgar os pontos fortes.
Enfrentar os fatos normalmente é um processo difícil e doloroso, mas é necessários criar uma cultura de discutir os problemas e até mesmo mostrá-los para a equipe. Você precisa ter fé de que alcançará o sucesso, mas também ser honesto com você mesmo sobre a situação atual e estar disposto a tomar atitudes para vencer.
Collins ressalta que, ao encarar os problemas, a empresa não deve se preocupar em quem os gerou, mas sim em como irá resolvê-los. Erros acontecem. As pessoas podem errar, mas ao encontrar cada erro, a empresa deve encará-lo e descobrir o que fazer para que o erro não ocorra novamente.
Siga o conceito do porco espinho
Collins mostra a história de um duelo em que uma raposa queria pegar um porco espinho. A raposa é uma animal inteligente, ágil e que é capaz de atacar de diversas maneiras diferentes. Por outro lado, o porco espinho não é reconhecido pela sua esperteza, ele só sabe fazer uma coisa, mas a faz muito bem. Sua única estratégia é se tornar uma bola de espinhos e rolar o mais rápido possível. Independente do ataque da raposa, o porco espinho sempre vence e consegue escapar.
Segundo Collins as empresas feitas para vencer são como o porco espinho, pois elas encaram desafios, focam no que sabem fazer e o fazem melhor do que qualquer outro, já a raposa tenta várias artimanhas sem consistência e não consegue seus objetivos.
O conceito porco espinho de Collins é baseado em três ideias fundamentais:
O QUE VOCÊ AMA FAZER: Empresas que alcançam a excelência possuem um conhecimento profundo sobre suas paixões. Sem paixão, não se consegue chegar muito longe.
O QUE VOCÊ SABE FAZER MELHOR: Identifique o que você consegue fazer melhor que qualquer um no mundo. O que quer que seja, esse precisa ser o foco do seu negócio. Essa é a única maneira de ter sucesso. E, se você não pode ser o melhor do mundo no seu negócio principal, então ele absolutamente não pode servir de base para uma empresa “feita para vencer”.
O QUE PAGA BEM: Identifique como sua empresa pode lucrar da maneira mais eficaz possível e como capturar mais valor do seu mercado.
Mantenha a disciplina em sua empresa
Disciplina não significa ter chefes autoritários, pelo contrário. Os chefes e funcionários precisam ter disciplina e devem saber o que fazer para a empresa ser excelente e alcançar os seus objetivos.
Quando você tem pessoas disciplinadas, não precisa de hierarquia, pois os funcionários não esperam ordens para fazer, eles tomam a iniciativa e fazem o que tem que ser feito. Cada funcionário deve ser responsável por ele mesmo e não deve precisar de uma babá. Funcionários disciplinados têm liberdade para tomar decisões dentro dos limites.
Use a tecnologia como acelerador de crescimento e não como origem do crescimento
As empresas “feitas para vencer” pensam de forma diferente em relação ao papel da tecnologia. Elas jamais usam a tecnologia como o meio principal para alimentar uma transformação.
Tecnologias novas, sempre vão surgir e apenas a tecnologia não é o fator que vai fazer uma empresa ser excelente, crescer e vencer. Antes de utilizar uma tecnologia da moda, verifique se ela se encaixa em seu propósito (3 círculos do porco espinho), caso contrário elas vão lhe tomar tempo e dinheiro.
Uma empresa medíocre vai utilizar novas tecnologias sempre que surgirem, mas sem nenhum propósito, apenas com o medo de se tornar ultrapassada. Segundo Collins, é assim que a raposa faz, corre de um lado para outro sem consistência e não consegue ser o melhor em uma única coisa.
Conclusão
Collins mostra que as empresas que deixaram de ser boas e se tornaram excelentes, aplicaram os conceitos mostrados acima dia após dia, ano após ano com muita disciplina e foco no propósito do negócio. Ao contrário do que a mídia dá a entender quando mostra casos de empresas que explodiram “da noite para o dia”.
Segundo Collins, as empresas que tentam fazer grandes rupturas ou grandes reestruturações de uma só vez para dar o salto do crescimento, normalmente fracassam. Não existe este crescimento da noite para o dia, não existe uma descoberta fantástica que a empresa faz um dia e que lhe faz crescer. Em todas as empresas estudadas, foram observados processos de aprendizado e evolução constantes que fizeram a empresa crescer com o passar do tempo e cada vez em um ritmo mais acelerado. É como um ovo segundo ele, para quem olha de fora, da noite para o dia o ovo quebrou e saiu um pintinho, mas a verdade é que até o ovo quebrar, houve um processo longo e demorado, só que ninguém viu a não ser o pintinho e a galinha.
Então siga os princípios acima, trabalhe duro e “faça seu ovo crescer” e não fique achando que os ovos dos outros quebraram da noite para o dia por causa de um fato isolado que ocorreu.